Boa noite caros amigos leitores! Que tal esta Primavera com sabor a Verão? Aqui a vossa cronista está um pouco adoentada e este raça de calor assolapado está a dar cabo de mim no entanto eu compreendo que a maioria esteja feliz e eu "própia" também estou feliz com este calorzinho e ainda mais com a hora de Verão, havia de ser hora de Verão todo o ano, não vos parece?
Deixemo-nos de considerações meteorológicas e de fusos horários e vamos embrenhar-nos na crónica de hoje.
Decidi partilhar um episódio da minha vida amorosa, a minha memória trouxe-me do baú das minhas relíquias um episódio épico e que desconfio já poder ter acontecido a qualquer moçoila solteira. A minha memória foi espicaçada por um episódio d´"O sexo e a cidade" em que, para quem está familiarizado com a série, a Miranda decide investir num potencial namoro com um amigo e em que por circunstâncias da vida este "amigo" conhece acidentalmente uma decoradora amiga da Miranda e catrapumba, o moço cai redondo de amores por esta bendita decoradora deixando a Miranda literalmente desaustinada e a chuchar no dedo.
Ora aqui a vossa cronista também foi "apanhada" numa situação muito parecida ... Queiram acompanhar-me neste episódio trágico-cómico. Imaginem uma moçoila nos inícios dos seus trinta anos, ok ela é minorca caixa d'óculos no entanto eu gosto de pensar que tenho o meu quê de "atraente" dentro do género "minorca caixa d'óculos" e foi-me apresentado um moçoilo, amigo de uma amiga de uma amiga duma prima em terceiro grau que eu já não via desde o jardim-infantil e lá começámos a ir ao cinema, passeios, aquelas cenas, vocês, caros amigos leitores estão a ver o filme não é? Até que um dia o jovem decide vir ter comigo ao pântano onde trabalho com o intuito de depois irmos jantar. Ok, ter moçoilos à minha espera à porta do pântano nunca foi uma situação com a qual me identificasse muito no entanto pensei: "Pá estás a ser picuinhas, até tem a sua graça e o seu romantismo ... " e a suspirar toda contente com o vislumbre de algum romantismo fosse entrar na minha vida de moçoila solteira, como eu estava tão enganada. Olhando para trás só penso: "será que deveria ter ido mais regularmente à minha oftalmologista???".
Vai que naquela altura estava no pântano a trabalhar comigo àquela hora, só para vos contextualizar pois todos os pormenores são importantes, uma colega jeitosa. O jovem chegou cedo o que me irritou um pouco, "atão mas este jovem vem acampar p'ra cá?!" no entanto substituí logo este pensamento por outro: "Oh tão querido a vir mais cedo para me fazer companhia ..." e eu a suspirar ... toda contente ... tão enganadinha que estavas ...
O jovem lá se sentou no pântano, pediu-me papel, o que achei estranho mas nestas alturas de pseudo-enamoramento o nosso sexto sentido diz-nos uma coisa mas o nosso cérebro, racional, diz-nos outra, porque não confiamos logo no sexto sentido?
O jovem lá esteve a escrever e eu pensei: "ok olha está a aproveitar para pôr a escrita em dia ou então está a fazer a lista das compras ... oh tão prendado..." e eu a suspirar toda contente ... ai ... ai...
Chegada a hora certa lá encerrámos o pântano e o jovem dirige-se comigo para o carro não sem antes correr atrás da minha colega, que ía em direcção oposta à nossa, mesmo à filme, e eu só pensei: "MAU!!!! Tu queres ver?", lá lhe disse qualquer coisa e volta todo contente e diz-me: "Então onde vamos jantar?" e eu pensei: " Se calhar foi dar-lhe algum recado do género não digas a ninguém mas acho esta minorca caixa d'óculos o máximo!" ....
Eu decidi que não valia a pena estar a fazer filmes e aproveitar a companhia e lá fui toda contente porém uma pulga mordia-me atrás da orelha. Quando começámos a jantar a bomba estourou! Disse-me todo valente e orgulhoso dele "própio": " Ah e tal nem imaginas o que fiz há pouco? Uma coisa mesmo à filme ..." e eu a pensar: "Tu queres ver que vem aí alguma surpresa romântica" e suspirei toda contente. Lá surpresa era e romântica à brava ... "Há bocado quando fui a correr atrás da tua colega entreguei-lhe esta carta" e dá-me para ler uma carta toda romântica com todos e mais algum elogio que se possa fazer à pessoa amada! "O QUÊ??????!!!!! Oh palhaço atão mas o que se passou aqui?! Essa carta brilhantemente escrita devia ter uma e só uma destinatária!!!! EU!EU!", pensou aqui a vossa preterida cronista. É claro que uma rapariga tem a sua dignidade e fingi que aquilo não era nada comigo e até cheguei a dizer-lhe que se tinha sido aquilo que o coração lhe tinha dito para fazer, o que seria a vida sem arriscar ... que conversa da treta eu queria era uma carta escrita assim oh camandro! Mas porque é que o meu Cupido tinha de ser vesgo?!
No final do jantar e alegando que o pântano pode deixar qualquer um morto de cansaço e que ía andando o jovem ainda teve a lata de me pedir boleia pois tinha deixado o carro onde Judas perdeu as botas .... no caminho de volta a casa e já "all by myself" como a música, ainda me lembro de ter pensado ... " Terei entrado na quinta dimensão?! Depois de me ter surripiado o meu tão ansiado final feliz do viveram felizes para sempre, depois de me ter privado de uma carta de amor ainda tive de gastar "gasoil" com este cromo?! Onde é que eu errei Cupido? Que mal te fiz para merecer este castigo tão penoso?"
Depois deste "piqueno" acidente de percurso mandei à fava os sonhos românticos e decidi aproveitar a minha vida sem quaisquer resquício de romantismo até que um dia num pic-nic voltei a acreditar no romance, continuo sem acreditar em finais felizes porque só a palavra final ou finais me dá urticária, acredito só em vidas mais felizes e afinal o meu Cupido tinha mais sabedoria do que aquela que eu imaginava, ele só estava a preparar-se para me escolher o top dos tops. Desculpa ter-te chamado vesgo!
Boa quinta-feira