Boa noite caros amigos leitores e mais uma vez vos peço desculpa pelo interregno. No entanto penso que compreenderão esta minha pausa nas crónicas depois de eu vos esclarecer.
E nada de bocas foleiras do tipo: " Tá bem tá foste brincar ao Carnaval e durante e após o regabofe de festas não estavas virada para as crónicas!", nada mais errado caros amigos leitores, estive internada devido à minha compulsão, já aqui partilhada convosco. A ida à casa-de-banho dos rapazes! É verdade depois das casas-de-banho da escola onde ando a aprender Chinês ter conseguido sair delas impunemente e sem o tal crescimento de uma pilinha amarela decidi arrojar e plantar-me em tudo o que eram casas-de-banho masculinas: no metro, nos restaurantes, nos centros comerciais e até nos estádios de futebol foi aí que fui apanhada e internada numa instituição de reabilitação ao jeito da malta de Hollywood, ao invés de ser viciada em álcool ou drogas o meu vício são as casas-de-banho masculinas. Depois de ter passado por lá posso dizer que: estou curada! ( acho eu!).
De volta ao Crónicas decidi trazer-vos hoje o meu relato da Manif de ontem, doze de Março, na Baixa lisboeta, da qual eu participei. A tão aguardada manifestação institulada Geração À Rasca não podia ter tido melhor resultado já que se reuniram mais de duzentas mil pessoas.
Comecei o dia no pântano, a trabalhar, até porque o país precisa disso mesmo de produtividade e nesse aspecto tenho a consciência tranquila, trabalho no que gosto e trabalho na área em que me licenciei, sei que sou uma privilegiada nos dias que correm, em que em muita caixa de supermercado ou call center trabalham licenciados que não têm outra forma de subsistir, nunca Portugal teve tantos jovens com formação superior em trabalhos para os quais não seria necessário um curso superior. Merecíamos um lugar no Guiness por isso, não vos parece?
Sigo do pântano para o curso de Chinês, era dia de teste! E de lá para os Restauradores para me encontrar com uma colega do trabalho para nos juntarmos à luta! Nada me ía preparar para o que senti quando saí à superfície do metro. A sensação de uma energia que percorreu o meu corpo como um choque eléctrico, milhares e milhares de pessoas com cartazes, a gritar palavras de ordem, pessoas de todas as idades, jovens, crianças, velhinhos, mulheres e homens da idade dos meus pais e bebés tudo unido naquela onda de gente que percorria as ruas da baixa lisboeta com um propósito mostrar que os nossos oitocentos anos de História estão bem vivos dentro de cada um de nós e que ainda há esperança mesmo que a nos queiram tirar.
Por incrível que pareça consegui encontar-me com a minha colega de trabalho que também trouxe o filho. Uma manifestação que juntou gerações, que ordeiramente cantou, gritou e pulou contra os PECs e medidas de austeridade que têm um só alvo, o povo! Uma manifestação apartidária já que há em todos nós um descrédito por toda a classe política que muito fala e pouco faz por quem os elege e sustenta! Vi muitos cartazes com orçamentos familiares em que fazendo bem as contas não sabemos como conseguem sobreviver, vi muitos cartazes contra o governo e a classe política e muita imaginação na forma como apresentavam os seus problemas.
Digno dos nossos políticos experienciarem esta manifestação in loco e não no conforto dos seus gabinetes ou sumptuosas casas, venham ouvir-nos, venham ver-nos, venham saber os nossos problemas, os nossos sonhos, o nosso cansaço por tanto que nos é exigido. Um governo desgovernado, autista, arrogante, cego, surdo e sem o menor escrúpulo para pedir mais e mais ao povo que já tem muito pouco para dar.
Numa camisola vi escreto: " Sou desenrascado mas solidário", conseguiu-se juntar os à rasca e os desenrascados para toda a gente saber que o povo existe, que está farto e que exige respeito.
Outra coisa que me impressionou foram as condições em que decorriam os discursos, em cima de uma carrinha só e apenas com um megafone, não havia cá aparelhagens nem técnicos de som nada, só e apenas a vontade de duzentas mil pessoas.
Só mesmo a chuva para começar a fazer dispersar a malta já por volta das sete da tarde. E apanhar o metro? Uma aventura! Nunca vi o metro assim! Só em filmes! Muita gente tirou fotos a este acontecimento nunca visto em Lisboa!
Cheguei a casa ainda com uma energia do caraças, ainda a gritar: " E O POVO PÁ!" para os meus pais. Deitei-me e adormeci com a sensação de dever cumprido!
Feliz início de semana
domingo, 13 de março de 2011
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li um livro que me fez lembrar tanto das crónicas, acho que seria perfeito para ti chama-se: "maldito karma" e ri-me tanto que fiquei feliz de podermos ter livros que nos animem, façam rir e levantem a moral... vais gostar!
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